Por Mariana Mansur
Sabe quando você está comendo uma comida de alguém que você gosta e, quando você faz a mesma refeição em outro lugar, consegue perceber que não foi a mesma pessoa que cozinhou, ainda que tenha os mesmos ingredientes? Alinhar a imagem pessoal à corporativa é mais ou menos isso: as roupas podem ser exatamente as mesmas que outra pessoa compraria, porém com aquele “quê” da sua imagem pessoal, que pode ser uma modelagem diferente, um detalhe no brinco, um cinto específico, um sapato especial.
Quando pensamos em imagem corporativa, quase sempre pensamos nas roupas, mas não nas pessoas dentro delas. E, justamente por essa razão, acabamos muitas vezes nos fantasiando da imagem que fazemos dosprofissionais de uma determinada área, sem ao menos ter uma gota do nosso próprio estilo pessoal. Por exemplo: se você acredita que uma empresária deve se vestir de blazer preto e camisa branca, ao estar nessa posição, você adquire tais peças, mesmo que seu estilo seja extremamente casual ou criativo.
E essa é uma das razões pelas quais as pessoas não conseguem ter um armário funcional, cujas peças transitem entre as ocasiões – do trabalho ao fim de semana. O armário acaba separado entre “roupas de sair” e “roupas de trabalhar”, e acaba gerando compras excessivas e desnecessárias, além do sentimento de nunca ter o que vestir.
Se esse é o seu caso, não se preocupe. Nós não fomos ensinados a comprar corretamente e a saber maximizar o uso das peças. Além disso, vivemos em uma era em que o consumismo extremo nos leva a adquirir cada vez mais e a pensar cada vez menos.
Mas afinal de contas, como alinhar ambas as imagens, pessoal e corporativa? Antes de mais nada, eu preciso deixar claro que não, não vamos cair nessa conversa de que “eu me visto assim e ponto final”. Precisamos sim entender que a nossa imagem profissional deve estar alinhada à empresa e ao cargo. Porém, podemos colocar uma pitada do nosso próprio estilo. Além disso, estamos falando de ambientes cujo dress code é um pouco mais maleável.
Para pessoas cujo estilo é mais casual, procure modelagens formais, mas em tecidos mais naturais, por exemplo: no lugar de um blazer de alfaiataria clássica, opte por um de linho. O mesmo serve para camisas: emvez de optar por uma com tecido mais brilhante, como seda ou cetim, por exemplo, escolha uma de algodão. Para calçados, a regra também segue: hoje em dia, dificilmente uma empresa obrigará uma colaboradora a usar salto. Opte por um modelo sem salto: as lojas estão com variedades interessantes de calçados sem salto e que ainda são formais, como mocassins e loafers. E, para quem não quer abrir mão do salto, há também a possibilidade de adequar sua necessidade ao tamanho deles e aos seus formatos: ao invés do salto fino, opte pelo salto bloco.
Para quem tem um estilo pessoal mais criativo e gosta muito de cores e estampas, procure variar nos detalhes. Como esse é um estilo que naturalmente chama atenção, é possível manter esse ar criativo mesmo que em um ambiente um pouco mais formal, desde que seja em pequenas doses: um detalhe diferente no calçado ou um brinco colorido. Se quiser ousar nas peças de roupas em si, busque variar dentro de uma peça mais tradicional: uma calça pantalona mais ampla, uma saia midi com um recorte diferente.
E, para quem ama um visual romântico, mas não quer parecer uma princesa no trabalho e nem passar uma imagem muito fragilizada, o caminho das pequenas doses do seu estilo pessoal também é o adequado: uma camisa com mangas bufantes (não tanto, não se empolgue!), golas mais arredondadas e cores mais delicadas nas peças.
Note como não só é possível, como também é fácil levar o estilo pessoal ao trabalho. A regra é uma: primeiro, imagine a imagem que você espera que um profissional nessa posição deve ter. Depois, com base nessa imagem, pense: o que posso fazer para que este visual tenha a minha assinatura? Lembre-se sempre que você está no trabalho, e não o trabalho que está em você. Dessa forma, sua imagem pessoal deve aparecer de maneira sutil na sua imagem corporativa, e não dominá-la completamente.
