A arte, quando encontra o mito, transcende o tempo e se torna símbolo de eternidade. Assim é “Rei”, a obra do artista plástico Zé Mario Passos, criada em 2023 em homenagem a Edson Arantes do Nascimento, o eterno Pelé. Com dimensões de 100×100 cm e técnica em acrílica sobre tela, o quadro é mais que um retrato: é uma celebração visual da genialidade de um dos maiores ícones do esporte mundial. A partir de agora, o trabalho passa a integrar o acervo do Museu Pelé, consolidando seu lugar na memória afetiva e cultural do país.

Zé Mario Passos constrói essa narrativa visual por meio de um domínio técnico apurado, combinando realismo minucioso com uma linguagem simbólica que eleva o retratado ao plano do sagrado. No centro da composição, o rosto de Pelé é representado em toda sua expressividade, revelando não só o atleta, mas o homem que se tornou embaixador da alegria brasileira no mundo. Cada linha, cada sombra, cada olhar congelado na tela reverbera a grandeza de quem soube unir talento, intuição e arte em campos de futebol ao redor do planeta.

O fundo da obra, em azul celeste, projeta Pelé para uma dimensão etérea, como se sua figura habitasse um espaço entre o humano e o divino. Ali, onde ícones são transformados em lenda, o artista insere respingos e pinceladas bruscas que instauram uma tensão entre o figurativo e o abstrato, entre o real e o espiritual. Como se fosse possível, pelas marcas do pincel, registrar também a energia, o ritmo e a vibração que Pelé imprimia a cada passe, a cada drible, a cada gol.

Destaca-se ainda o uso do dourado, cor que abraça a figura e confere à obra uma aura régia, símbolo de glória, realeza e imortalidade. O dourado, que não se contenta em enriquecer apenas o contorno da imagem, se faz presente também no nome do jogador, selando, em letras brilhantes, o título que o mundo lhe conferiu: Rei. Não o rei de um trono comum, mas de um reino onde futebol, arte e improviso se encontram. Pelé, no gesto livre e espontâneo, reinventou o jogo; e Zé Mario, na precisão calculada de sua pintura, recria essa genialidade.

“Rei” foi concebida não apenas como obra estética, mas como afirmação simbólica de um legado universal. Seu percurso pelas artes plásticas brasileiras revela esse reconhecimento crescente. Após estrear no XIII Salão Internacional de Artes Plásticas SINAP/AIAP, na Câmara Municipal de São Paulo, em maio de 2023, a obra passou por importantes exposições: esteve presente no XXXVI Salão de Artes Engenheiro Julio Capobianco, em Arceburgo (MG), em 2024, e integrou a reinauguração da Pinacoteca de Ribeirão Pires, em março de 2025. Cada exibição adicionou camadas de significado, ampliando o diálogo entre a obra e o público, entre a memória coletiva e a representação artística de um fenômeno esportivo.

Agora, em outubro de 2025, “Rei” encontra seu lugar definitivo no Museu Pelé. Em breve, estará exposta na galeria especial que marcará um novo capítulo da instituição. É, ao mesmo tempo, uma chegada e um retorno: a imagem que eterniza Pelé soma-se à sua própria história, oferecendo ao público uma experiência que ultrapassa o futebol. É a presença do atleta inscrita no tempo da arte, onde sua realeza encontra morada perpétua.

Zé Mario Passos, com seu trabalho, reafirma aquilo que o povo brasileiro, e o mundo inteiro, já sabem: Pelé é eterno. Entre camadas de tinta, luz dourada e céu em azul, o artista constrói não apenas um retrato, mas um altar simbólico onde reverência e emoção se encontram. “Rei” é um gesto de gratidão — da arte ao esporte, do artista ao mito, do Brasil ao mundo.

Rafael Marques

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